
Quem é Tarcisio Ferreira (Selektah) ?
- Pesquisador e colecionador de Reggae,
- Participa do movimento Reggae de Salão no Maranhão desde 1981,
- Atua nos salões fazendo discotecagem no estilo Selektah, somente com os Clássicos do Reggae (Foundation),
- Publica a Página Espaço Reggae todos os domingos no Jornal Itaqui Bacanga de São Luis com Jorge Black,
- Forma a Dupla High Vibes com o DJ Jorge Black,
- Professor da Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
A partir deste mês o Central Reggae tem um novo correspondente, Tarcisio Selektah, trazendo tudo o que rola no mundo do reggae direto da Jamaica Brasileira !
O Reggae maranhense e sua crise de identidade
O presente artigo não pretende atacar ou demonizar as radiolas de Reggae do Maranhão, até por que não podemos contar a história do Reggae no Maranhão sem elas. E quando falamos das radiolas falamos principalmente das que realmente fizeram essa história, ou seja, das que começaram sua caminhada a partir dos anos 80.
Embora possa haver queixas em relação às atitudes dos radioleiros e por mais defeitos e/ou qualidades que possam terem a contribuição dos mesmos para o desenvolvimento desta cultura no Maranhão é inegável.
É público e notório a crise de identidade porque passa o Reggae no Maranhão, principalmente no que diz respeito às Radiolas que optaram por um ritmo musical pobre chamado popularmente de “robozinho”, “bate lata”, “couro” ou “música de maluco”. Como também se pode notar nos últimos 5 anos a ascensão crescente e vertiginosa dos chamados “Bares de Reggae”.
Esses bares são redutos dos que ainda cultuam o que se convencionou equivocadamente chamar Roots Reggae. Equivocadamente, sim, porque na realidade há uma mistura de estilos nas seqüências com Dance Hall, Lovers Rock, Roots, Smooth Reggae, New Reggae Jamaicano, Reggae Gospel, etc.
Sem mencionar nomes, podemos dizer que o público freqüentador dos bares é realmente hoje a parcela mais significante do chamado “Movimento Reggae” do Maranhão, os regueiros de verdade; alguns saudosistas amantes do Reggae de raiz com idades entre os 35 a 50 anos, colecionadores, discotecários de Radiolas dos anos 70 e 80, DJ’s, na sua grande maioria os freqüentadores são pessoas que buscam tranqüilidade, boa música, um papo com os amigos e acima de tudo, reviver os bons tempos.
O serviço dos bares é sensivelmente melhor do que qualquer Clube de Reggae hoje em São Luis. Não podemos dizer que as instalações e os serviços prestados sejam excelentes, pois, alguns deles apresentam falhas em ambos, mas, apesar disso, batem de longe os Clubes.
Quanto ao que vem acontecendo com as radiolas nos últimos 8 anos é interessante. Sem querer resgatar toda a história das radiolas basta dizer que na segunda metade dos anos 90 começa-se a buscar versões ou músicas exclusivas gravadas por jamaicanos. No alvorecer do novo milênio, surgem “cantores” maranhenses de Reggae fazendo covers de músicas de grande sucesso dos salões. Fazemos questão de frisar a palavra “cantores” para deixar de fora deste pirão artistas maranhenses que possuem uma história dentro deste movimento e que participaram efetivamente da construção desta cultura.
Vale destacar que a cultura Reggae de São Luis nunca recebeu apoio de ninguém, tudo o que conseguiu foi conquistado na luta diária para sobrevivência deste movimento, principalmente nos embates com os órgãos de segurança e com os meios de comunicação.
Também podemos dizer que para o Reggae de Radiola prosseguir na sua lida não necessita deste tipo de música “robotizada”, visto que hoje, Reggae do Maranhão virou pejorativo em outros lugares do Brasil. Do mesmo modo, as músicas (os clássicos) que ajudaram a construir essa brilhante história, viraram sinônimo de coisa obsoleta sendo tratadas com adjetivos como “música velha” e “músicas do passado”.
Relembrando Tristão de Athayde:
- O passado não é o que passou. É o que ficou do que passou.
Relembrar a história é não deixar que ela se torne uma bolha de sabão. Contada, reiluminada, ela estará sempre aí, adubando o tempo. Os tempos caminham com os homens, mas o DNA da história não falha, não engana.
Com essa absorção, as radiolas optaram pela via mais barata em termos de investimento, pois abriram mão de sair em busca das “pedras” e, para isso, teriam que investir bastante na “garimpagem” e em passagem para a Jamaica ou Europa. Aí começa o assassinato aos poucos da galinha dos ovos de ouro, que era a seqüência exclusiva de músicas da Jamaica ou da Europa em favor da progressiva “robotização” do Reggae.
Sobre o público freqüentador das festas das radiolas é somente isso o que ele é, público. Totalmente alienado, desinformado e enganado. Por que público??? Ora, esse mesmo contingente que vai às festas das radiolas é o mesmo que vai ás festas dos ritmos considerados não menos alienados: “arrocha”, “tecnobrega” e o “forró eletrônico”, também apelidado de “pornoforró”.
O que mais se ouve falar no meio dos radioleiros é que, cada vez mais fica difícil fazer festas em que não se leve uma “roça”, fazendo eventos com o chamado “robozinho”. E as tentativas de fazer festas “na mistura” tem tido retumbantes fracassos. O público do “robozinho” não gosta de “músicas do passado” e vice-versa. Água e óleo não se misturam.
Alguns dizem que o Reggae mudou. Não é verdade. O que mudou foi o modo de se tocar o que se chama de “reggae” nas Radiolas do Maranhão. Que evolução é esta, quando nas festas o que se vê é homem “dançando” com homem? Isso é evoluir??? Eu sou do tempo que homem dançava com mulher e eu ainda gosto.
Os que defendem essa música que é tocada pelas radiolas, ou estão mal informados ou estão mal intencionados. Mal informados, porque não conhecem a história deste movimento e de onde ele veio, história essa que valeu o título, em nível nacional e internacional, de “Jamaica brasileira”. Hoje, esse ineditismo maranhense já esta sendo questionado, haja vista que São Luis está fora do circuito de grandes shows de artistas jamaicanos que cantam em Salvador, Fortaleza, Teresina (vejam só!!???!!) e Belém. Podemos citar Steel Pulse, Larry Marshall, Clinton Fearon, Dom Carlos, etc.. Além disso, as músicas desses grandes astros, infelizmente, só são tocadas nos bares de Reggae. Mal intencionados, no sentido de perpetuar esta situação de cada vez mais um público que outrora era apaixonado e defendia com unhas e dentes sua radiola e seu clube a se distanciar de sua radiola preferida.
Sem as Radiolas de Reggae esse movimento não teria chegado onde chegou, além de fazerem as festas de Reggae acontecerem durante muitos anos com os grandes clássicos da musica jamaicana. Também movem uma economia que ainda não foi devidamente estudada, no sentido de mostrar um amplo campo de trabalho para técnicos de som, eletricistas, carregadores, segurança, pessoal de bilheteria, pessoal administrativo do escritório, locutores de programas, estúdios de produção de comercial, DJ’s, lojas de vendas de equipamentos de som e alto-falantes, etc., etc..
Enfim, como foi dito no frontispício desta matéria estamos tratando de pontuar bem as coisas para quem não caiba dúvidas sobre a crise de identidade porque passa o Reggae no Maranhão. Torcemos para que possamos ver os verdadeiros regueiro guerreiros voltarem aos clubes de sua paixão (que aos poucos estão se acabando), e vibrar pela seqüência exclusiva da radiola que fazia seu coração bater mais forte e seus pés deslizarem pelos salões.
Relembrando mais uma vez Tristão de Athayde “O passado não é o que passou. É o que ficou do que passou”. Mas mesmo assim, quem sabe se a gente ainda vai ter o prazer de dizer: “Os bons tempos voltaram!!!”.
Está aberto o debate...
Os 10 Mandamentos do Colecionador de Reggae
Será que existem regras para ser um colecionador de discos de Reggae?
Acredite, dependendo do objeto colecionado existem várias regras ou mandamentos a serem seguidos, neste caso, os "10 Mandamentos do Colecionador de Reggae" que eu recomendaria são os seguintes:
1º - É impossível possuir todos os discos vinil (ou CD’s) dentro do universo de um determinado estilo (Dub, Ska, Rockers, Roots, Dancehall, etc.);
2º - Estipule um percentual ou valor de sua renda para a aquisição dos discos que pretende adquirir;
3º - Mesmo que a tentação seja grande, procure não ultrapassar tais limites. Essa tentação poderá transformar-se em uma bola de neve que arrasara sua renda pessoal;
4º - Lembre-se que antes de mais nada, a coleção é para o seu prazer e não para trazer-lhe problemas, sejam eles de quaisquer naturezas;
5º - Sempre haverá alguém que possui um determinado disco que você não possua, então concentre-se na sua coleção ;
6º - Sempre haverá alguém que deseja algum disco que só você possui, então cuidado com os "amigos colecionadores";
7º - Estabeleça um "foco" em sua coleção, ficará mais fácil de administrá-la. Saber quais os discos que você já possui, também ajuda bastante e faça como o Tio Patinhas não abandone nunca o seu nº. 1. A primeira “pedra” a gente nunca esquece...
8º - Participar de um grupo de Colecionadores de Reggae ou de um encontro de colecionadores é uma outra boa opção, faz bem para a auto-estima, abri novos horizontes, lhe trará novas amizades, novas fontes de aquisição, novos conhecimentos, oportunidades e prazer. Porém fique atento ao 5º e ao 6º Mandamentos. Como dizia o Rei Bob Marley: o seu melhor amigo poderá ser o seu pior inimigo.
9º - Toda a coleção tem um fim, seja em número de objetos, falta de espaço em casa, para dedicar mais tempo à família, mudança, doença, pela chegada da sua morte, ou pelo simples prazer de pensar que todos aqueles desejos já foram realizados.
10º - Divirta-se o quanto puder e Orgulhe-se das suas "RARIDADES"
Compilado e modificado de ALEX BERNARDES
Está aberto o debate...
Obrigado a turma do CENTRAL REGGAE - pela matéria do
Jovem TARCISIO SELEKTAH E JORGE BLACK.
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